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Estudantes do IFB debatem papel do audiovisual diante do genocídio palestino

Criado: Domingo, 31 de Agosto de 2025, 17h48 | Publicado: Domingo, 31 de Agosto de 2025, 17h48 | Última atualização em Domingo, 31 de Agosto de 2025, 17h48 | Acessos: 15
Professora Amaranta, à esquerda, atenta à intervenção da egressa do IFB Ada Souza
Professora Amaranta, à esquerda, atenta à intervenção da egressa do IFB Ada Souza

 

As imagens do genocídio palestino circulam todos os dias, em tempo real, diante de milhões de espectadores no mundo inteiro. Essa visibilidade, no entanto, não tem sido capaz de deter a violência. Para a professora Amaranta Cézar, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), esse excesso de registros pode, paradoxalmente, dessensibilizar a tragédia. “As imagens e sua hipervisibilidade têm sido um instrumento de desumanização das vítimas palestinas”, afirmou em encontro com estudantes do IFB Campus Recanto das Emas.

Amaranta lembrou que, no genocídio promovido pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial, a lógica era oposta: os crimes eram ocultados. Poucos registros visuais circularam na época, e aqueles que conseguiam captá-los o faziam como ato de resistência, como uma forma de salvar vidas, de denunciar e de tentar evitar que a tragédia se repetisse. “Naquele contexto, fotografar era valorizar a vida. Hoje, no caso palestino, o desafio é o contrário: o excesso de imagens pode banalizar a morte”, explicou.

Diante da pergunta de um estudante sobre como enfrentar esse dilema, a professora defendeu que é preciso produzir um audiovisual que recuse a naturalização da violência e que se comprometa em humanizar. “Não pode mostrar apenas o bebê morto, os corpos famintos. É necessário mostrar como essas pessoas vivem, seus sonhos, seus afetos. É preciso humanizar as imagens, revelar que ali há vida”, destacou.

Para ela, cabe aos profissionais e estudantes do audiovisual pensar sua prática não apenas como técnica ou arte, mas como compromisso ético com a preservação da vida. “Talvez a tarefa de qualquer pessoa que trabalha com o audiovisual hoje seja pensar como o audiovisual pode honrar, lutar, salvaguardar, preservar a vida. A vida na sua potência, na sua diversidade, na sua beleza, na sua miudeza, no seu cotidiano… porque é isso que nos torna humanos”, disse, emocionada.

O debate foi promovido pela Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Produção Audiovisual do IFB Campus Recanto das Emas e integrou a aula inaugural do curso, reforçando o compromisso da instituição com uma formação crítica, ética e socialmente engajada no campo da comunicação.

Sobre a palestrante

Amaranta Cézar é professora associada de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Jornalista de formação, é mestre em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela UFBA e doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris III – Sorbonne-Nouvelle, com pós-doutorados na New York University e na Universidade Federal de Pernambuco. Atuou na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) entre 2009 e 2022, onde idealizou e coordenou o Cachoeiradoc – Festival de Documentários de Cachoeira (BA). Sua trajetória como pesquisadora, curadora e docente é marcada pelo enfoque em cinemas contra-hegemônicos, documentário, cinema africano e da diáspora, além da curadoria e programação de festivais no Brasil e no exterior.

Jornalista: Wákila Mesquista.

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